Evocação de Dias Coelho

No próximo dia 19 de Dezembro será o 45º aniversário do assassinato de José Dias Coelho pela PIDE. Tinha apenas 38 anos. Ele era um artista plástico de extraordinária sensibilidade e versatilidade e cedo aderiu à resistência ao fascismo. Era um activista na Frente Académica Antifascista e no MUD Juvenil.

Desenho de Dias Coelho, convidando a um convívio do MUD-Juvenil
Desenho de Dias Coelho, convidando a um convívio do MUD-Juvenil

Mais tarde mergulhou no trabalho político clandestino, enquanto funcionário do PCP, até que a PIDE o abateu. Seguia pela Rua dos Lusíadas quando cinco agentes da PIDE saltaram de um automóvel, perseguiram-no, cercaram-no e dispararam dois tiros. Um foi à queima-roupa, atingiu-o em pleno peito, deitou-o por terra; o outro foi disparado com ele já no chão. Os assassinos meteram-no num carro e partiram a toda a velocidade. Só duas horas depois, quando estava a expirar, o entregaram no Hospital da CUF.

Neste 19 de Dezembro, às 18h, haverá uma homenagem evocativa com a participação de Margarida Tengarrinha, sua companheira, de Jerónimo de Sousa, secretário-geral do partido que abraçou com toda a dedicação e generosidade revolucionária que tinha, e, certamente, muitos outros que não deixarão de estar presentes. O local de concentração é na rua que agora tem o seu nome, Rua José Dias Coelho, nº 30 (ao Calvário), no lugar onde foi morto.

Em seguida, às 19h, proceder-se-á ao lançamento do livro A Resistência em Portugal, na Junta de Freguesia de Alcântara, Rua dos Lusíadas, nº 13. Uma exposição dedicada a Dias Coelho ficará patente na Junta de Freguesia até 29 de Dezembro.

André Levy

Para Dias Coelho escreveu Zeca Afonso esta canção, que recordamos:

A morte saiu à rua num dia assim
Naquele lugar sem nome para qualquer fim

Uma gota rubra sobre a calcada cai
E um rio de sangue de um peito aberto sai

O vento que dá nas canas do canavial
E a foice duma ceifeira de Portugal

E o som da bigorna como um clarim do céu
Vão dizendo em toda a parte o Pintor morreu

Teu sangue, Pintor, reclama outra morte igual
Só olho por olho e dente por dente vale

À lei assassina, à morte que te matou
Teu corpo pertence à terra que te abraçou

Aqui te afirmamos dente por dente assim
Que um dia rirá melhor quem rirá por fim

Na curva da estrada há covas feitas no chão
E em todas florirão rosas de uma nação.