Eleição dos órgãos sociais da Associação Cívica Movimento Não Apaguem a Memória – NAM
2010/05/15
Lista A
Programa eleitoral
Pretendemos levar a bom termo algumas iniciativas que estão em desenvolvimento, de que se destaca a realização da Exposição “ A Voz das Vítimas”, na antiga cadeia do Aljube. Temos, porém, a ambição de atingir novas metas e, para isso, propomos outras iniciativas, que possam envolver na actividade do NAM um número significativamente maior de associados e cidadãos preocupados com a Preservação da Memória.
Nos dois primeiros anos de vida da Associação que deu seguimento ao Movimento, realizou-se um importante trabalho que pode ser avaliado pela consulta do relatório de actividade no site do NAM. Contudo, tais sucessos não nos impedem de considerar que se perdeu uma certa dinâmica, característica do Movimento, nomeadamente aquela que era determinada por reuniões plenárias periódicas, facultando a participação de um número mais alargado de associados na actividade corrente. Resultou, em parte, da ausência de um local apropriado, com fácil acesso e gratuito. De futuro, queremos imprimir uma nova dinâmica, com a organização regular de debates abertos e interactivos em torno de temas candentes da Memória, envolvendo a participação de especialistas e de resistentes, cuja vida de luta pode ser exemplo para as novas gerações.
Tratando-se de trabalho voluntário (frequentemente de pessoas que não têm suficiente tempo disponível) e tendo em conta os meios muito restritos de que dispomos, consideramos que a chave para levarmos a cabo com êxito o ambicioso programa que vos apresentamos, estará na capacidade de atrair ao trabalho do NAM um maior número de associados, com vista à realização de acções bem definidas. A sede provisória que nos foi facultada pela CML, na antiga cadeia do Aljube, tem mérito pela sua grande carga simbólica, mas tem contra si a dificuldade de acesso e de estacionamento. Teremos, pois, que procurar locais mais adequados para algumas das actividades programadas.
Objectivos permanentes
- Impedir que a dinâmica dos “Hotéis de Charme” e dos “condomínios privados de luxo” apague da Memória os símbolos maiores da resistência e da luta do povo português contra a ditadura, ante o alheamento e a passividade das autoridades democráticas.
- Sensibilizar a opinião pública, nomeadamente através de debates específicos (se possível na televisão e nos media em geral), para a actualidade e importância cívica e política da preservação da Memória, assim como para a responsabilidade de as organizações democráticas se empenharem em tal objectivo.
- Procurar, em diálogo com o Ministério da Educação, com as autarquias e professores, que o ensino melhore a informação sobre o que foi a ditadura fascista e a luta do povo português pela liberdade e por uma vida melhor. Nomeadamente, colaborando na produção de materiais didácticos destinados às escolas; e organizando actividades extra-curriculares, tais como visitas, palestras e debates, levados a cabo com a colaboração de veteranos da resistência ou de voluntários com formação adequada.
- Promover, em cooperação com as autarquias, roteiros da memória que tenham como público-alvo as escolas e o turismo.
- Estabelecer ou estreitar relações com organizações congéneres nacionais e estrangeiras, em particular com as de Angola, Guiné (Bissau), Cabo Verde, Moçambique, Timor-leste, Brasil e Espanha.
Objectivos para o mandato
- Realizar a Exposição “ A Voz das Vítimas”, na antiga cadeia do Aljube, com inauguração prevista para 29 de Outubro de 2010 e termo em 1 de Maio de 2011. Levá-la a outros pontos do país, no futuro. É uma exposição que resulta da parceria do NAM com a Fundação Mário Soares e com o Instituto de História Contemporânea da UNL (IHC-UNL) (que em virtude dos meios de que dispõem têm um papel essencial) e que conta com o apoio, nomeadamente, da CNCCR a que nos candidatámos com êxito.
- Participar, sob a supervisão da CML, na criação do Museu da Resistência e da Liberdade, na antiga Cadeia do Aljube.
- Promover, em parceria com a CML (ver protocolo), a criação de um memorial às vítimas da PIDE nas proximidades da sua antiga sede em Lisboa.
- Realizar o 1º Congresso Internacional da Memória Histórica, em colaboração com a CPLP e com entidades similares de Espanha, Brasil, Argentina e Chile (se possível, em 29 de Outubro de 2011) e também um seminário com projecção nacional.
- Comemorar algumas das efemérides que ocorrem nestes dois anos.
2011 – 50º Aniversário dos acontecimentos de grande significado político:
assalto ao paquete Santa Maria por Henrique Galvão;
programa para a Democratização da República;
inicio da luta de libertação em Angola;desvio de um avião da TAP por Palma Inácio;
assassinato pela PIDE de Dias Coelho;
assalto ao quartel de Beja.
2012 – 50º Aniversário de acontecimentos de grande significado:
criação da FPLN, em Argel, na sequência da 1ª Conferência das Forças Oposição e início das emissões da Rádio Portugal Livre;
grandes lutas do proletariado agrícola, com a conquista da jornada de 8 horas;
enorme manifestação política operária no 1º de Maio, em Lisboa;
Crise Académica de 62, com grande manifestação de estudantes em Lisboa.
(Lutas que enfrentaram quase sempre uma bárbara repressão)
- Promover o debate com vista à preservação da memória de um dos mais fortes símbolos da repressão fascista: o Forte de Peniche. Promover a mobilização da opinião pública e, em cooperação com a Câmara Municipal de Peniche e com a URAP, procurar a recriação e a revalorização do museu lá existente, de modo a corresponder à importância simbólica desta antiga prisão política.
Objectivos de carácter organizativo ou institucional
- Criar o Conselho da Memória (CM), de acordo com a recomendação aprovada pela Assembleia-geral de 2010/04/10: um órgão de consulta da direcção que lhe proponha metas, angarie meios e promova ou facilite a concretização de alguns dos objectivos permanentes acima enunciados. Deverá ser constituído por pessoas com passado de luta pela liberdade e pela democracia, ou que, por outras razões, possam contribuir de forma significativa para os objectivos do NAM.
- Reanimar o site do NAM ( http://maismemoria.org) criado e mantido graciosamente pelo nosso associado José Nuno, de modo a transformá-lo num elo actualizado de ligação entre a direcção e os associados e os cidadãos em geral.
- Criar novas delegações do NAM, nomeadamente em Coimbra e Aveiro.
- Fortalecer o Grupo de Trabalho (GT) dos professores, estreitando relações com organizações suas representativas; e criar GT que assegurem o cumprimento dos “objectivos para o mandato”: GT – Exposição do Aljube, GT – Memorial das Vítimas da PIDE, GT – Materiais didácticos, GT – Comunicação, GT – Relações internacionais.
- Organizar um Forum de debate bimestral com personalidades que se destacaram na luta contra a ditadura ou na revolução do 25 de Abril, e com historiadores ou outros especialistas. Se possível em universidades.
- Organizar debates sobre a actividade do NAM, para sua apreciação crítica e/ou sugestões de trabalho ou orientação.
- Estabelecer ou reforçar parcerias com instituições afins: nomeadamente Associação 25 de Abril, Fundação Mário Soares, IHC-UNL, Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra (CES).
- Estabelecer e reforçar parcerias com autarquias locais.