NÃO APAGUEM A MEMÓRIA

Artigo do Jornal do Fundão 27/7/06
Por: Fernando Paulouro Neves


AO MESMO tempo que, em Espanha, a Memória Histórica é tema de lei, em Portugal a batalha pela memória joga-se a outra escala. Não menos importante, de facto. O Movimento “Não Apaguem a Memória”, que reuniu mais de oito mil subscritores, entre os quais figuram os antigos Presidentes Mário Soares e Jorge Sampaio, entrega amanhã (quarta-feira) ao presidente da Assembleia da República a petição em que reclama ao Estado, através da sua instituição representativa, “o reconhecimento da resistência à ditadura fascista do Estado Novo e a dignificação do passado heróico dos resistentes que foram presos, perseguidos e torturados, por defenderem um regime democrático, de liberdades e justiça social para os portugueses”. Esta petição surgiu de uma legítima indignação pública, por ver que se transformava em condomínio de luxo a antiga sede da PIDE, na Rua António Maria Cardoso, “sem que os poderes públicos acautelassem minimamente a memória histórica daquele sinistro lugar”. Não faltam motivos para uma geografia da tortura e da intolerância em Portugal. Bem pode acontecer que, num futuro já não muito longínquo, o nosso país possa também vir a ter uma lei da Memória Histórica. Nunca, como hoje, a defesa da memória se tornou numa batalha imprescindível pelo futuro.

E, nesse sentido, o uso moral da memória é não apenas um direito, mas sobretudo um dever de cidadania. (http://naoapaguemamemoria).