Um momento famoso da luta estudantil,
quando numa refrega com a força de choque o Rui Pereira, há meses falecido,
arrebatou um cassetete a um dos polícias. (foto de Artur Pinto)
Permitam-nos recordar:
“Comunicado
Lisboa, 26 de Março de 1962
Colega: Efectuou-se anteontem o maior atentado de sempre contra a autonomia da Universidade e a dignidade dos professores e alunos. Por ordem do Governo foi encerrada a Cantina Universitária, passando-se por cima do Sr. Reitor, das Associações e da Comissão Administrativa da dita Cantina.
Camiões da polícia, transportando centenas de polícias de choque, armados de pistolas-metralhadoras, tomaram a Cidade Universitária. Tudo isto, para que lá se não realizassem os Colóquios e o jantar de confraternização do Dia do Estudante.”
Assim começou o Dia do Estudante.
Ao mencionar estes acontecimentos, de há 45 anos, o Movimento Cívico Não Apaguem a Memória! quer dirigir-vos uma saudação de profunda alegria pela vossa fidelidade à fraternidade e à liberdade.
A vossa luta foi justa e triunfou.
O Movimento Cívico Não Apaguem a Memória! nasceu para que se não esquecesse o vosso combate e de muitos outros portugueses que souberam sempre dizer “Não!” à ditadura e ao fascismo do Estado Novo. Mesmo quando isso implicava a prisão, os interrogatórios sob tortura e, quantas vezes, a própria vida.
O Movimento quer que os portugueses não esqueçam que a liberdade foi uma conquista cívica que levou anos – 48 anos! – para se concretizar. Por isso apresentou na Assembleia da República uma Petição – que provavelmente muitos de vós assinaram – a apelar aos deputados para que exercessem em toda a sua legitimidade democrática o dever de preservar a memória da resistência à ditadura e ao fascismo.
Uma Resolução nesse sentido vai ser apresentada em plenário no próximo dia 30 de Março. Esperamos a sua aprovação. E esperamos que esse seja mais um passo, como este que aqui estais a dar, para que a memória não se apague!
Citando o escritor Vladimir Jankélévitch: “Os deportados, os massacrados, só nos têm a nós para pensar neles. Os mortos dependem inteiramente da nossa fidelidade”, in L’imprescriptible (Ed.du Seuil).
Para mais informação vejam o site e o blog do Movimento:
http://maismemoria.org/
http://naoapaguemamemoria2.blogspot.com