Actividades do Núcleo do Porto

2 -Visita aos espaços do edifício onde funcionou a delegação do Porto da PVDE/PIDE/DGS

fotografia da visita à antiga sede da PVDE/PIDEDGS no PortoNo passado dia 21 de Abril, no Museu Militar do Porto, teve lugar mais uma iniciativa do Núcleo do Porto do movimento “Não apaguem a Memória!”, a segunda visita guiada por ex-presos políticos que, encarcerados, aí sofreram a violência da polícia política do chamado “Estado Novo”. O evento, que se integrou num ciclo comemorativo do trigésimo terceiro aniversário da revolução de 25 de Abril, visou o reconhecimento dos espaços como locais de memória da resistência ao fascismo e a sua valorização como património histórico.

Nesta segunda visita pública às instalações do actual Museu Militar do Porto, alojado no edifício onde funcionou a delegação do Porto da PVDE/PIDE/DGS, participaram 47 pessoas que agradecem à Maria José Ribeiro, ao José Machado de Castro e ao Jorge Carvalho a sua generosa disponibilidade. Tendo partilhado as suas memórias com os participantes, os seus testemunhos constituem preciosos elementos para a construção da nossa memória colectiva. Nas suas intervenções iniciais e nas explicações dadas durante a visita aos espaços de encarceramento e de interrogatório historiaram os processos que conduziram à privação da liberdade e descreveram as humilhações sofridas: insultos, espancamentos, isolamento, tortura do sono, tortura da “estátua”.

Romper o silêncio em torno dos processos desencadeados pela PVDE/PIDE/DGS contra os cidadãos opositores ao regime totalitário contribui para o reforço da nossa identidade, dado que salvaguarda a continuidade entre as gerações presentes e as de um mundo passado, cujo conhecimento devemos aprofundar. Dar voz aos que lutaram activamente a favor do derrube do fascismo constitui assim uma forma de patrimonialização, dado que reconstrói elos entre o passado e o presente, garante a transmissão de valores às gerações futuras e recompõe identidades. Identidades que atravessam o tempo.

Olhamos o edifício onde hoje está instalado o Museu Militar do Porto de um ponto de vista patrimonial, pois é um espaço físico relevante para a permanência da identidade no devir do tempo. Daí a necessidade de obter a sua classificação como edifício de interesse público.