A exposição A Voz das Vítimas, no Aljube

A exposição a Voz das Vítimas foi ontem inaugurada no Aljube. Compareceram cerca de duas centenas de pessoas entre as quais muitos ex-presos do Aljube, como Edmundo Pedro, António Borges Coelho, Mário Soares, Artur Pinto, Fernando Rosas, Alfredo Caldeira, José Hipólito dos Santos, Mário Lino, Crisóstomo Teixeira e outros activistas do NAM. Estiveram presentes deputados, o Secretário de Estado da Cultura, Vasco Lourenço em representação da A25A, Corregedor da Fonseca pela URAP o vice-presidente da CML e directores da área da Cultura da CML ligados ao levantamento da exposição, que tem o traço de Henrique Cayatte, e vários historiadores, entre os quais Irene Pimentel da direcção do NAM, João Madeira, Suzana Martins.

Usaram da palavra Raimundo Narciso pelo Movimento Não Apaguem a Memória, Fernando Rosas, pelo Instituto de História Contemporânea da UNL, Mário Soares em nome da Fundação Mário Soares, António Costa Presidente da CML e por fim Jaime Gama presidente da Assembleia da República.

Seguiu-se uma visita guiada por Alfredo Caldeira, o responsável pelo levantamento da exposição no terreno.

A RTP, a SIC notícias, o Expresso e o Público, nomeadamente, noticiaram o evento.

Ver o site da CML notícia e fotografias em http://www.cm-lisboa.pt/?idc=88&idi=57235

Na sua intervenção o Presidente da CML, António Costa, sublinhou o papel desenvolvido pelo NAM, quer junto da CML quer junto do ministério da Justiça, durante o ano de 2009 para que o edifício do Aljube, ocupado por serviços deste ministério, fosse destinado a um museu sobre a Luta pela Liberdade objectivo que se concretizará a seguir a esta exposição.

Ver também o site da exposição: http://www.aljube.net

(A expo está aberta ao público todos os dias, das 10 às 18 horas, excepto às 2ªs f, até 5 de Outubro. A entrada é grátis)

Expo A Voz das Vítimas:

debates ver em: http://www.aljube.net/iniciativas

Visitas guiadas ver em: http://www.aljube.net/visitas_guiadas

Intervenção de Raimundo Narciso na inauguração da exposição “A Voz das Vítimas”, na antiga prisão política do Aljube, em Lisboa, em 14 de Abril de 2011

Em nome do Movimento Cívico Não Apaguem a Memória quero agradecer a vossa presença e sublinhar quão ela revela a importância simbólica atribuída a esta exposição que exalta os valores da liberdade e da democracia e presta homenagem àqueles portugueses que, sem esperarem benefícios empenharam liberdade e por vezes a vida, na luta por elas.

A Exposição A Voz das Vítimas teve o apoio decisivo da Comissão Nacional das Comemorações do Centenário da República e da Câmara Municipal de Lisboa, contou com o apoio de outras entidades públicas e privadas e com a colaboração da RTP e do Arquivo Nacional da Torre do Tombo. Não queria, no entanto, deixar de sublinhar que o êxito desta singular exposição só foi possível com a colaboração e o empenho pessoal do Sr. Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Dr. António Costa e da Srª vereadora da Cultura, Drª Catarina Vaz Pinto.

A participação do Movimento Cívico Não Apaguem a Memória nesta exposição decorre do objecto para que foi criado e que é “a salvaguarda, investigação e divulgação da memória da resistência à ditadura e da liberdade conquistada em 25 de Abril de 1974”.

A preservação da memória colectiva é fundamental para garantir a nossa identidade como povo e nação. É nosso dever dar testemunho às novas gerações do que fizemos de melhor ou dos erros cometidos, assim como da determinação e por vezes do heroísmo, de que fomos capazes para os vencer.

Ao contrário de muitos outros países europeus que valorizaram o seu património de luta pela liberdade, a democracia e a paz o Estado português e a sociedade civil, salvo raras excepções, como o ilustra o caso presente, não têm feito o necessário para preservar a memória da luta dos portugueses no período negro que representou a ditadura que durante quase meio século afastou Portugal, da senda do progresso, dos caminhos da liberdade e conduziu guerras criminosas contra os povos das então colónias que aspiravam à independência.

O Movimento Não Apaguem a Memória, teve origem em 5 de Outubro de 2005, num protesto público pela não preservação da antiga sede da PIDE/DGS, em Lisboa.

Um momento importante do voluntariado de todos os que integram o nosso Movimento, foi a aprovação em 2008 pela Assembleia da República, com a unanimidade dos deputados, de uma Resolução Parlamentar na sequência de uma petição com mais de 6 mil assinaturas. Nessa Resolução Parlamentar afirma-se que “A Assembleia da República resolve recomendar ao Governo que crie condições efectivas, incluindo financeiras, que tornem possível a concretização de projectos designadamente a criação de um museu da liberdade e da resistência, cuja sede deve situar-se no centro histórico de Lisboa precisamente aqui, no Aljube.

Este objectivo concreto, foi entretanto adquirido. Será esse o seu destino após esta exposição. O Movimento Cívico Não Apaguem a Memória empenhou-se nesse objectivo e assinou com a CML, precisamente em 25 de Abril de 2009, um protocolo nesse sentido. Para o seu êxito contribuiu além do Dr. António Costa o apoio do então ministro da Justiça, Dr. Alberto Costa que se disponibilizou para transferir os serviços do seu ministério que ocupavam este edifício e para o entregar à CML para esse fim.

Outro momento importante da curta vida do nosso Movimento é este, ao inaugurarmos uma exposição que presta homenagem aos muitos milhares de portugueses que, ao longo da ditadura do Estado Novo, tiveram de pagar um alto preço pela determinação e coragem de lutar pela liberdade e por um Portugal melhor para todos os Portugueses. Essa luta pertinaz, durante tantos anos, ajudou a abrir caminho para o levantamento militar dos gloriosos capitães de Abril, em 1974, aqui representados pela Associação 25 de Abril e o seu presidente coronel Vasco Lourenço. A Liberdade e a democracia são conquistas consolidadas, mas uma sociedade mais igualitária e mais justa continua a ser um objectivo bem na ordem do dia.