A União Europeia comemora com pompa e circunstância o dia 9 de Maio. Até o entronizou como o Dia da Europa.
Tudo isso porque em 9 de maio de 1950 foi proferida pelo ministro francês dos Negócios Estrangeiros, Robert Schuman, aquela que é chamada a “Declaração Schuman”, na qual se propunha a criação da Comunidade Europeia do Carvão e do Aço (CECA) com vista a instituir um mercado comum do carvão e do aço entre os países fundadores, a saber, a França, a República Federal Alemã, a Itália, os Países Baixos, a Bélgica e o Luxemburgo, sendo que a CECA foi a primeira de uma série de instituições europeias supranacionais que deram origem à atual União Europeia, muito concretamente a Comunidade Europeia da Energia Atómica(EURATOM) e a Comunidade Económica Europeia (CEE).
Essa “Declaração Schuman” constitui, sem qualquer sombra de dúvida, um gesto meritório que merece ser celebrado.
Já o Conselho da Europa atribuiu essa qualificação (Dia da Europa) ao dia 5 de maio, que corresponde à data da sua fundação – 5 de maio de 1949.
Muito lamentavelmente, o que nenhuma dessas instituições comemora é o dia 8 de maio. Mas devia, porque se, em 8 de maio de 1945, o Alto Comando da Wehrmacht (Forças Armadas da Alemanha Nazi) não tivesse assinado em Berlim a capitulação incondicional do Terceiro Reich perante o Alto Comando do Exército Vermelho e o Alto Comando das Forças Expedicionárias Aliadas, pondo, desse modo, fim à Segunda Guerra Mundial na Europa, muito seguramente não poderiam ter sido criados nem o Conselho da Europa nem as Comunidades Europeias que deram origem à União Europeia.
De facto, só a derrota do nazi-fascismo permitiu que os países europeus, uns mais cedo do que outros, pudessem edificar sociedades baseadas na Democracia política e estruturadas segundo o modelo do Estado de Direito. Aliás e em boa verdade, a falta de comemorações oficiais do Dia da Victória (V Day) constitui uma, a todos os títulos, vergonhosa falta de respeito e desconsideração pelos milhares de militares e civis, homens e mulheres, que lutaram, pagando alguns e algumas com a sua vida, pelo derrube do Estado Nazi alemão e dos seus aliados, o primeiro dos quais o Estado fascista italiano.
Ou seja, as instituições europeias que não comemoram como lhes era e é exigível, o dia 8 de Maio, foram construídas sobre os cadáveres e sobre o sofrimento de milhares de homens e mulheres que assim são ignominiosamente desprezados
E se há momento histórico em que a capitulação incondicional do Terceiro Reich tem mesmo de ser recordada é este, pois os herdeiros dessa gente totalmente despida de valores e princípios e sem um pingo de empatia pelos outros seres humanos, que por eles eram considerados ser “raças inferiores”, estão novamente a ganhar força.
Todavia, existe um outro motivo para comemorar essa capitulação incondicional ocorrida a 8 de maio de 1945. Um motivo que nos fortalece e dá esperança.
Efectivamente, mercê desse sofrimento de tantos heróis e heroínas cujo nome ignoramos, osnazi-fascistas foram vencidos em 1945.
E também o serão agora.
Comemoremos, pois, o dia 8 de Maio. O Dia da Vitória.
Lisboa, 07/05/2025
A Direcção da Associação “Movimento Cívico Não Apaguem a Memória (NAM)”