Constantino Lopes da Costa

“…Não havia para nós nem água da torneira para beber. Manhã muito cedo chegava uma carreta de bois com água e enchíamos um tambor. Um tambor desses de gasolina de 100 ou 200 litros, para 24 horas. E éramos 100 presos. E nada mais.

Até às 11 horas a água ficava vermelha da ferrugem. E tínhamos de a beber… Em poucos meses veio a bênção. Todos os presos com uma inflamação horrível da pele que não podíamos vestir nem uma camisa…

Mas também pensávamos naqueles que por lá passaram antes de nós[os presos portugueses]. Se agora em 1962 era assim como não teriam sido tratados os que passaram por cá em 1936… Assim pensávamos.


Intervenção do Constantino Lopes da Costa no Colóquio do Tarrafal na TV do NAM

Não ficámos com ódio por ninguém. Nós estávamos politizados. Estávamos a lutar por uma causa. Não havia que ficar com ódio por ninguém. Éramos adversários numa luta.”

[Extracto da intervenção – no colóquio promovido pelo NAM, Tarrafal uma prisão dois continentes, em 29 de Outubro de 2008, na Assembleia da República – do ex-prisioneiro guineense do Campo de Concentração do Tarrafal, Constantino Lopes da Costa, hoje embaixador da Guiné em Lisboa.]

nota: Os vídeos do Colóquio vão sendo actualizados com os depoimentos na íntegra.

NAM tv [ Colóquio ao vivo ]

TARRAFAL: uma prisão, dois continentes, Colóquio Internacional

imagem do cartaz do colóquio do Tarrafal

Está assegurada a publicação posterior da totalidade do colóquio em arquivo e para consulta futura. Poderá ver o programa aqui.

Podem comentar e ver mais informação sobre o Colóquio no artigo Colóquio sobre o Tarrafal – mais alguns ex-presos (blogue NAM “Caminhos da memória”).

Os nossos muito especiais agradecimentos ao José Raimundo sem o qual não teríamos qualquer possibilidade de transmitir e muito menos de arquivar para disponibilizar depois para todas e todos os que desejem assistir ao Colóquio.

Esta página será actualizada posteriormente com o arquivo vídeo do Colóquio.