No dia em que Nuno Teotónio Pereira faz 90 anos

«Estou velho, estou a chegar aos 90 anos. Há órgãos que me estão a falhar. Um deles é a memória, que se está a desfazer como pó, o que me causa um certo sofrimento. (…) Além da perda da visão. Estou emocionado, mas estou muito contente, porque esta sessão, tendo sido anunciada como de homenagem à minha pessoa e não deixando de o ser, fez também justiça a todos aqueles que eu conheci na luta contra a ditadura, naqueles anos difíceis. (…) Os dias de hoje, e porventura os de amanhã, vão exigir acções múltiplas, fortes, convictas, e por vezes decisivas, para que o mundo seja melhor para todos (…) – Disse na sessão de homenagem que um grupo de amigos lhe prestou há cerca de um ano.

Nuno Teotónio Pereira é um dos três únicos sócios honorários do NAM.

Foi fundador do Movimento Cívico Não Apaguem a Memória e aqui batalhou com ideias, propostas e acção, enquanto não lhe faltaram as forças físicas. A luta contra a Ditadura fascista deve-lhe muito. Portugal também. Extraordinário arquitecto, foi pioneiro na história da arquitectura contemporânea portuguesa. É um exemplo de cidadania persistente e de democrata dialogante e com abertura de espírito.

No dia em que faz 90 anos, a Direcção do NAM presta-lhe novamente homenagem, e agradece à nossa amiga Joana Lopes o texto que transcrevemos.

 A Direcção do NAM
30 de Janeiro de 2012

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Comemoração do 50º Aniversário da Revolta de Beja

Primeira tentativa para assaltar o quartel de Beja, em 2 de Dezembro de 1961

Neste mês de Dezembro comemoram-se os 50 anos da tentativa revolucionária, vulgarmente conhecida por Golpe de Beja e que se concretizou em 1 de Janeiro de 1962. Foi precedida de duas tentativas que se realizaram em 2 de Dezembro e outra em 9.

Antes, Manuel Serra entrara clandestinamente em Portugal em fins de Outubro de 1961. Queria pôr em acção o Projecto Ikaro que elaborara em S. Paulo com o general Humberto Delgado.

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Comunicado NAM 2011/11/24

HOMENAGEM

Esta iniciativa pretende homenagear todas as mulheres e homens que, por motivos políticos, se viram impedidos de aceder à docência universitária, foram afastados dos seus centros de investigação, impossibilitados de progredir nas carreiras académi-cas ou compulsivamente exonerados das suas funções como investigadores ou professores das Universidades portuguesas durante o Estado Novo.

A depuração política do corpo docente univer-sitário ou de quem a ele pretendia aceder, quase sempre fundamentada em informações da polícia política, atingiu um largo espectro de investigadores ou docentes que, em muitos casos, representavam, nos respectivos sectores – na matemática, na medici-na, na economia, na física, na agronomia, nas ciências humanas – o escol do pensamento científico português.

A perseguição política desses elementos por parte de um regime que considerava a liberdade de opinião e de expressão, e portanto a liberdade científica, como incompatíveis com a segurança do Estado, acarretaria nefastas e duradouras consequências para o desenvolvimento científico em Portugal.

Muitos dos investigadores e docentes perseguidos pelas suas convicções políticas – em alguns casos por aquilo que a polícia política considerava serem as suas convicções políticas… – viram-se forçados ao exílio em vários países da Europa e da América Latina ou nos EUA onde livremente puderam exercer o seu munus científico. E aí semearam a marca indelével do seu saber, deixando aos países que os acolheram aquilo que foram impedidos de oferecer ao seu.

A homenagem consistirá no descerramento de uma placa com os nomes de todos os docentes expulsos em cada uma das universidades onde isso então se verificou (Universidade de Lisboa, Universidade Técnica de Lisboa, Universidade de Coimbra e Universidade do Porto), na realização de uma sessão solene de homenagem com a participação dos Reitores e oradores convidados e na edição de uma brochura contextualizando historicamente os acontecimentos e com as biografias de todos os professores e investigadores demitidos.

Cerimónias previstas

Universidade de Lisboa
Reitoria, 29 de Novembro, 18.00 horas

Universidade Técnica de Lisboa
Reitoria, 30 de Novembro, 17.00 horas

Universidade do Porto
Reitoria, 30 de Novembro, 17.00 horas

Universidade de Coimbra
19 de Dezembro

O NAM saúda Margarida Fonseca Santos

autora do argumento da peça A Filha RebeldeCarlos Fragateiro e José Manuel Castanheira, administradores do Teatro D. Maria II, na altura em que a peça de teatro esteve em cena, e que acabam de ser absolvidos (2011-07-22) no julgamento do processo que contra eles moveram sobrinhos de Silva Pais, último chefe da odiosa PIDE/DGS, por, na peça, ser apresentado como responsável, pela morte do General Humberto Delgado.

Foi enorme o regozijo dos que fizeram questão de assistir à leitura da sentença do juiz António Passos Leite que sublinhou que “a crítica pública deve ser um direito e não um risco”. Aliás, o procurador da República, Abel Matos Rosa, tinha, justamente, pedido a absolvição dos arguidos. A mesma alegria foi partilhada pelo NAM e por todos os democratas que acompanharam este processo e conhecem direta ou indiretamente o terrorismo da ditadura conduzido por aquela polícia política.

Fez-se justiça, e Margarida Fonseca Santos à saída do tribunal concluiu que o processo acabou por ter o seu lado positivo, que talvez “tenha sido bom” e que ”esta foi uma forma de falar aos mais novos de uma época em que não havia liberdade, de trazer a história do país para o teatro e mobilizar as pessoas”.

A Margarida Fonseca Santos, a Carlos Fragateiro e a José Manuel Castanheira o NAM envia uma saudação solidária felicitando-os pelo seu importante contributo para que Não Apaguem a Memória.