INFORMAÇÃO DA DIRECÇÃO AOS SÓCIOS DO NAM
Lisboa, 6 de Dezembro de 2010
Caras Companheiras
Caros Companheiros
A actividade que a Direcção do NAM tem vindo a desenvolver nos últimos meses tem incidido particularmente nos objectivos seguintes:
- Exposição ”A voz das Vítimas” na antiga Cadeia do Aljube.
- Memorial às Vítimas da PIDE nas proximidades da sua antiga sede em Lisboa.
- Ciclo de conferências sobre “O Reviralho”.
- Cooperação com o Ministério da Educação.
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1 . A inauguração da exposição ”A voz das Vítimas” na antiga Cadeia do Aljube estava planeada para o fim de Outubro mas por atraso da comparticipação financeira da Comissão Nacional das Comemorações do Centenário da República (CNCCR), correspondente a 50% do seu orçamento, teve de ser adiada.
A nova data para a inauguração está dependente daquele pagamento, que está prometido para este ano ainda. A confirmar-se esta expectativa a inauguração da exposição ocorrerá a 2 de Fevereiro de 2011.
Os trabalhos preparatórios da exposição, no entanto, têm decorrido, tanto quanto possível regularmente, mercê da excelente cooperação da Câmara Municipal de Lisboa, e em particular da vereadora da Cultura, Catarina Vaz Pinto, e sua equipa, que tem cumprido com o apoio prometido, quer financeiro quer com as obras necessárias na cadeia do Aljube.
Dada a falta de estrutura e meios financeiros do NAM a preparação da exposição têm sido possível devido ao trabalho inestimável dos parceiros do NAM neste empreendimento: da Fundação Mário Soares através de Alfredo Caldeira e do IHN/UNL representado por Fernando Rosas. Os trabalhos têm contado com a colaboração da RTP e da Torre do Tombo que nos facultaram o acesso aos seus arquivos de acordo com os protocolos assinados.
Tem avançado, e nalguns casos está mesmo terminado, o trabalho de investigação e respectivos textos para o catálogo e para a própria exposição – sobre a história da cadeia do Aljube, sobre os 48 ex-presos seleccionados cujas “fichas” constarão na exposição, sobre os carcereiros, sobre a PIDE e a sua actuação, sobre a vida na prisão, nomeadamente nos curros que serão reconstruídos e sobre as visitas das famílias aos presos. Serão reconstituídos os ambientes, os sons e a luz,, haverá testemunhos de ex-presos, espaços multimédia, filmes cedidos pela RTP, ao longo de três pisos da antiga prisão.
Esse trabalho tem contado com a participação da historiadora Irene Pimentel na dupla qualidade de membro da direcção do NAM e de investigadora do IHC/UNL.
2. Para a concretização do Memorial às vítimas da PIDE, em face da recusa de autorização por parte dos proprietários do muro em frente do teatro S. Luís, a direcção do NAM elegeu três outros locais próximos: a parede das escadas de saída do Metro Baixa-Chiado, sobretudo pela sua visibilidade; a “praceta”, ao fim da rua dos Duques de Bragança, pelas potencialidades daquela área, que justificariam, no entender da CML, uma requalificação urbana, potenciadora de grande valor para a cidade, nomeadamente turístico; e ainda o muro que ladeia as escadinhas que ligam a Rua António Maria Cardoso e a Rua dos Duques de Bragança, junto ao teatro S. Luís.
Com vista à prossecução deste objectivo tem havido reuniões com a equipa da Cultura da CML que tem prestado uma boa cooperação. Ainda este mês realizar-se uma reunião com responsáveis da CML e arquitectos convidados pelo NAM na “praceta” da Rua dos Duques de Bragança.
Dada a dificuldade de um memorial que nomeie todas as vítimas, admitimos a ideia de um memorial que passe uma mensagem capaz de interessar nomeadamente os jovens.
Tendo em conta a autoria de Siza Vieira na decoração da estação do Metro Baixa-Chiado, este foi consultado pelo NAM e não levantou qualquer objecção desde que o projecto do memorial seja entregue a alguém de renome.
A praceta, no início da Rua dos duques de Bragança, se integrada numa área urbana requalificada, poderia vir a ser um ponto de atracção da cidade, sobretudo se enquadrada num roteiro cultural. É um projecto que exigirá mais tempo e maior custo.
Quanto ao financiamento do Memorial, entende a CML que dificilmente o projecto poderá ser financiado, na íntegra, pelo orçamento municipal e há consenso quanto à importância e ao significado do seu financiamento ser conseguido, pelo menos em parte, por subscrição pública.
3. O ciclo de conferências “Luta armada e Resistência Republicana – O Reviralho – (1926-1940) organizado pelo NAM em cooperação com o IHC-UNL na Livraria Ler Devagar LX Factory,- Alcântara em Lisboa e que teve o apoio da Comissão Nacional para as Comemorações do Centenário da República para a sua promoção, decorreu com bastante interesse e participação dos presentes. As cinco conferências de que foi coordenador científico o investigador Luís Farinha, de acordo com o calendário que oportunamente vos foi enviado,decorreram entre 28 de Outubro e 25 de Novembro passado
4. A Cooperação com o ministério da Educação poderá vir a ter uma grande importância na prossecução dos objectivos do NAM. Nesse sentido foi-nos concedida, a nosso pedido, uma audiência pela Ministra da Educação, em 25 de Outubro passado. Nessa reunião:
- Demos uma informação geral da natureza, objectivos e a actividade do NAM e manifestámos o desejo de uma colaboração entre o NAM e o ministério, no sentido de se melhorar os conhecimentos dos alunos do ensino básico e secundário sobre a história recente da luta contra a ditadura e pela liberdade.
- Solicitámos ao ministério que:
- Sensibilizasse as escolas para realizarem visitas guiadas à exposição do Aljube;
- Promovesse a divulgação nas escolas de um DVD cuja produção está prevista no âmbito da exposição do Aljube;
- Apoiasse a organização de uma exposição itinerante, prevista para ser levada a cabo em 2011, destinada ao espaço público, (primeiro, para Lisboa e, depois, outras cidades), constituída por alguns painéis evocativos da Memória de acontecimentos paradigmáticos da Resistência e da Luta pela Liberdade (ideia inspirada em iniciativas internacionais, tais como a de Barcelona).
A Dra. Isabel Alçada mostrou-se muito colaborante e receptiva às nossas propostas. Nomeadamente:
Disse que consideraria o apoio à exposição itinerante logo que lhe apresentássemos um projecto;
Sugeriu que facultássemos informação e outra documentação sobre a exposição do Aljube para ser enviada para as escolas por correio electrónico e que disponibilizássemos informação a partir de sites ou blogs.
Pensamos terem sido criadas condições para uma proveitosa cooperação futura.
Pelo interesse de que se revestiu referimos a tertúlia realizada em 10 de Julho (então anunciada) no espaço da Livraria Ler Devagar, seguida de jantar de confraternização. Tratou-se de uma iniciativa para exposição da actividade do NAM aos sócios e amigos, para a sua apreciação crítica e apresentação de propostas.
Recomendamos a consulta do site do NAM (http://maismemoria.org ) onde encontrarão informação geral sobre o NAM, onde podem ser realizadas inscrições online, e informação sobre iniciativas e outra documentação, nomeadamente trabalhos apresentados no recente ciclo de conferências O Reviralho.
Pel’ A Direcção do NAM
Raimundo Narciso